Num cantinho de um terreiro, sentado num banquinho, fumando seu cachimbo, um triste preto velho chorava. De seus olhos molhados, esquisitas lágrimas pelas faces e sei porque as contei… Foram sete. Na incontida vontade de saber aproximei-me e o interroguei:
- Fala meu preto velho, diz ao teu filho por que externas assim um tão visível dor? E ele suavemente
respondeu:
- Estás vendo esta multidão que entra e sai? As lágrimas contadas estão distribuídas a cada uma delas.
. A PRIMEIRA, eu dei a estes indiferentes que aqui vem em busca de distração, para saírem ironizando àquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber.
. A SEGUNDA , a esses eternos duvidosos que acreditam , desacreditando, na expectativa de um milagre que os façam alcançar àquilo que seus próprios merecimentos negam.
. A TERCEIRA, distribuí aos maus, àqueles que somente procuram a Umbanda, em busca de vingança, desejando sempre prejudicar seu semelhante.
. A QUARTA, aos frios e calculistas que sabem que existe uma força espiritual e procuram se beneficiar dela de qualquer forma e não conhecem a palavra gratidão.
. A QUINTA, chega suave, tem o riso, o elogio da flor dos lábios, mas se olharem bem o seu semblante, verão escrito: Creio na Umbanda, nos seus Caboclos e no seu Zambi, mas, somente se vencerem o meu caso, ou me curarem disso ou daquilo..
. A SEXTA, eu dei aos fúteis que vão de centro em centro não acreditando em nada, buscam aconchegos e conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente.
. A SÉTIMA filho, nota como foi grande e como deslizou pesada? Foi a última, aquela que vive nos
"olhos" de todos os Orixás. Fiz doação dessas aos médiuns vaidosos que só aparecem no terreiro em dia de festa e faltam às doutrinas. Esquecem que existem tantos irmãos precisando de caridade e tantas criancinhas precisando de amparo materno e espiritual.
Assim, filho meu, foi para esses todos, que vistes cair, uma a uma.
As Sete Lágrimas de um Preto Velho.
Autor Desconhecido
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